terça-feira, julho 08, 2008

Terça-feira, 08 de julho de 2008

Não nos deixemos enganar pelo sorridente senhor ao lado, um polemista. Antes de participar como autor convidado da Festa Literária Internacional de Parati (Flip), o colombiano Fernando Vallejo concedeu uma entrevista que motivou membros de uma comunidade virtual dedicada ao encontro literário a discutirem um eventual boicote à mesa onde Vallejo debateria com o holandês Cees Nooteboom o incerto tema “Paraíso Perdido”.

Entre declarações ácidas, como a afirmação de que as estatísticas revelam que o Brasil já supera a Colômbia de dez anos atrás em termos de violência, e a defesa do controle da natalidade pelos governos, Vallejo atraiu a antipatia de muitos ao dizer que a ex-candidata à presidência da Colômbia, Ingrid Betancourt, libertadas pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc, havia buscado seu próprio sequestro ao ir à região dominada pela guerrilha.
“Ingrid é uma pessoa feia e conseguiu o que queria, estar nas manchetes. Uribe também. E as Farcs são um bando de narcotraficantes assassinos. Não entendo por que as Farcs, que já causaram tanto dano à Colômbia, a soltaram. Não serviram nem para mantê-la presa”, disse o escritor, antes de afirmar que preferia que Betancourt tivesse permanecido presa. “Nos livraríamos de mais uma praga do país. A família ainda inventou que ela estava doente, e eu a vi hoje muito sã nas fotos, rosada. São mentirosos, eles e toda a classe política”. Cees Nooteboom

A sugestão de boicote à participação de Valejo não pegou e, às 19 horas do sábado, tanto a Tenda dos Autores, quanto a Tenda da Matriz, de onde o público assiste aos debates por telões, estavam lotadas. E, para mim, a conversa entre o colombiano e Nooteboom acabou sendo a melhor de toda a Flip. Junto com a mesa que reuniu o brasileiro João Gilberto Nool e a cineasta argentina Lucrecia Martel.

Antes mesmo de ler a referida entrevista publicada pelo O Globo eu já havia comprado um livro de Valejo, A Virgem dos Sicários. Pelo pouco que li, ele merece ser reconhecido por outros fatores que não por suas polêmicas declarações.

sábado, julho 05, 2008

Sábado, 05 de julho de 2008

Em termos de popularidade, já é possível apontar o quadrinista e escritor britânico Neil Gaiman como a grande estrela desta sexta edição da Festa Literária Internacional de Parati (Flip).

Hoje (5), dia em que também estiveram no centro do palco da Tenda dos Autores o angolano Pepetela, a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, o psicanalista e ensaísta da Folha de S.Paulo, Contardo Calligaris, o norte-americano Richard Price, o romancista italiano Alessandro Baricco, o holandês Cees Nooteboom, o colombiano Fernando Vallejo e o dramaturgo inglês Tom Stoppard, Gaiman foi o mais assediado pelo público em busca de autógrafos.

Após o término do debate com Price (mediado por Marcelo Tas), Gaiman passou cinco horas - sim, cinco horas - autografando exemplares não apenas do já clássico HQ, Sandman, mas também de seus romances.
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Houve quem entrasse na fila mais de uma vez apenas pela oportunidade de se aproximar do autor que, ao lado de Alan Moore, ajudou a revitalizar os quadrinhos durante a década de 1980.
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O fato acabou criando uma situação no mínimo constrangedora para Price, que deixou a mesa de autógrafos ao fim de dez minutos, enquanto uma fila enorme se estendia pela Praça da Matriz. Horas depois, Baricco e Calligaris concluiriam seu debate, autografariam seus livros, deixariam o local e Gaiman permaneceria ali, atendendo fans de todas as idades. Só deixou a mesa porque desde o início, já havia avisado que não perderia a palestra de Stoppard, marcada para as 19h.

Durante a palestra, em que falou sobre o processo de criação de histórias em quadrinhos, a importância dos diálogos em seus livros e as diversas formas com que sua obra é recebida em diferentes países (na Polônia, por exemplo, disse Gaiman, ele primeiro se tornou conhecido por seus livros de ficção. Só então surgiu os poloneses passaram a se interessar por Sandman e por suas outras histórias para HQs), o autor contou um episódio que deixou claro o grau de devoção a que chegam alguns de seus fans.

"Gosto bastante quando vejo um fã tatuado com um de meus personagens", explicou Gaiman. "Mas, certa vez, em Los Angeles, durante uma tarde de autógrafos, um cara pediu para que eu autografasse embaixo de uma tatuagem em seu braço. Eu peguei a caneta e autografei. Passado algum tempo, eu continuava assinando livros, o sujeito voltou, apanhou a fila e, na sua vez, parou na minha frente. Ele tinha tatuado meu nome por cima da assinatura que eu fizera horas antes. Ainda dava para ver o sangue escorrendo. Aquilo não foi legal".

sexta-feira, julho 04, 2008

Sexta, 04 de julho de 2008


Ninguém toca no assunto, mas lógico que há um outro bom motivo para aceitar o convite para participar da Flip, não? Melhor dizendo, ontem (3), o jornalista e escritor Xico Sá sugeriu que há um certo estímulo etílico a turbinar a tertúlia literária. Não à toa, em séculos passados, parati era sinônimo da melhor cachaça produzida no país.

Sexta, 04 de julho de 2008

Como em Porto Seguro (BA), na Flip também tem "pipoca", ou seja, a turma que acompanha a "festa" do lado de fora dos cordões, de graça.

No caso da festa literária, as cordas carnavalescas são substituídas por assépticas e frias grades de metal que isolam a chamada Tenda da Matriz da principal praça da cidade.

Quem se dispõe a gastar R$ 8 pode acompanhar sentado, por três telões e com direito a fones de ouvidos, as palestras que ocorrem a cerca de 200 metros dali, na Tenda dos Autores, onde os ingressos custam R$ 25.

Lógico que a economia tem inconvenientes. Este ano, por exemplo, a organização do evento dificultou a vida dos pipocas, levando a grade até o limite da área coberta. Por sorte não choveu, mas, à noite, o sereno pode incomodar as mães que acreditam que a friagem seja maléfica. Além disso, certas mesas mais concorridas exigem que o interessado chegue mais cedo a fim de conseguir um lugar de onde consiga ver e ouvir as palestras. Foi o caso de hoje, com a mesa que reuniu a cineasta argentina Lucrecia Martel e o escritor brasileiro João Gilberto Noll.




quinta-feira, julho 03, 2008

Quinta-feira, 03 de julho de 2008



Começou ontem (2), com uma palestra do crítico literário Roberto Schwarz, a Festa Literária Internacional de Parati, Flip. Em sua exposição sobre o romance Dom Casmurro, publicado em 1889, Schwarz, um dos maiores especialistas na obra de Machado de Assis, falou sobre a evolução da leitura e da análise crítica dos livros do escritor, tido, por muito tempo, como um autor "conservador", já que "sua ironia" teria sido de difícil apreensão para a crítica da época.


Na sequência da palestra de abertura, que lotou a tenda da Matriz, de onde é possível acompanhar, por telões, as palestras que ocorrem na Tenda dos Autores, houve shows do cantor paratiense Luiz Perequê (acompanhado por uma excelente banda) e de Luiz Melodia.