sexta-feira, julho 13, 2012

Na Estrada - Em Brasília



"Viajar é útil. Faz a imaginação voar. Todo o resto é decepção e fadiga" - Sal Paradise (alter-ego de Jack Keroauc) in Na Estrada

Cerca de 1.4 mil brasilienses convidados para a cerimônia de abertura da primeira edição  do Festival Internacional de Cinema de Brasília  lotaram o Teatro Nacional na noite desta quinta-feira (12) para assistir, em primeira-mão, ao mais recente filme do cineasta brasileiro Walter Salles. Adaptação cinematográfica da bíblia beatnik On The Road, Na Estrada chega hoje (13) às salas de cinema brasileiras.  

Fã incondicional do livro escrito pelo norte-americano Jack Kerouac, o semifosco foi conferir a estreia do filme . E gostou. Muito. 

Não deve ter sido fácil transpor para o cinema a história  dos  jovens candidatos a escritores que, no início da segunda metade do século passado, ajudaram não só a arejar o panorama cultural dos Estados Unidos (e, consequentemente, de quase toda a cultura ocidental), como assumiram publicamente a defesa de novos comportamentos sociais (uso consciente e recreativo das drogas,  sexo livre, homossexualismo, recusa dos valores paternos), antecipando em dez anos o auge da eclosão contracultural da psicodélica década de 1960. Ainda mais porque, em seu livro, Kerouac adota um estilo que busca simular o ritmo e as improvisações do jazz (sobretudo o bebop de Charlie Parker e Dizzy Gillespie) e aproximar-se do chamado "fluxo contínuo" de escrita.

(leia também `Após 55 anos inspirando leitores, bíblia beat chega aos cinemas´ e veja a entrevista em vídeo do próprio Kerouac)

Festival - A partir de hoje (13), o Festival Internacional de Cinema de Brasília ocupa dois espaços da capital federal – o Cine Cultura Liberty Mall e a sala Alberto Nepomuceno, do Teatro Nacional. Além da adaptação de Salles (de Central do Brasil, Diários de Motocicleta, entre outros), outros 45 longa-metragens de vários países vão ser exibidos até o próximo dia 22.

Doze títulos disputam a mostra competitiva, que irá premiar com US$ 10 mil os vencedores das categorias de melhor filme, direção, fotografia, ator e atriz, totalizando US$ 50 mil dólares em prêmios.

A proposta dos organizadores do festival de investir na diversidade temática e de estilos transparece na seleção dos doze filmes que concorrem ao prêmio de melhor produção. Limitando a inscrição a cineastas com no máximo três títulos no currículo, a mostra conseguiu atrair novos talentos, alguns já testados em importantes festivais como Cannes, Sundance e Berlim.

“Foi uma forma de privilegiarmos os novos talentos, já muito bem recebidos no circuito dos festivais internacionais, mas ainda pouco conhecidos ou até mesmo desconhecidos pelo público brasileiro”, explicou a Agência Brasil o diretor geral do festival, Nilson Rodrigues, apontando que a diversidade também fica patente na origem dos diretores presentes ao evento: Macedônia, Albânia, Chile, Estados Unidos, Colômbia e Inglaterra, entre outros.

Além da mostra competitiva, o festival também organizou seis mostras paralelas, sendo uma delas dedicada à atriz francesa Anna Karina. Protagonista de importantes filmes franceses, nos quais trabalhou com diretores como Jean-Luc Godard, Karina está presente em seis obras que serão exibidas durante o festival. Ela também fará um show durante a abertura do evento e deve participar, no domingo (15), de um debate sobre o movimento cinematográfico Nouvelle Vague com o público que comparecer ao Shopping Liberty Mall, as 17h30.

O evento também dedicou um espaço especial para as novidades latino-americanas, segmento marcado por obras com forte conotação político-social e representado por sete títulos, todos dirigidos por mulheres.

“Identificamos o crescimento do número de mulheres filmando e achamos interessante associar isso à maior presença feminina na vida pública latino-americana, com várias mulheres no poder”, disse Rodrigues. As obras da mostra Cara Latina vem da Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Honduras, Venezuela e do Brasil, onde a carioca Lúcia Murat rodou Uma Longa Viagem, único título nacional da mostra.

As outras quatro mostras são dedicadas ao novo cinema europeu (representado por quatro títulos); à produção cinematográfica africana (cinco filmes); ao chamado cinema independente norte-americano (seis obras) e ao cinema de animação.

Exibidos na sala Alberto Nepomuceno do Teatro Nacional, os filmes das Mostra Anna Karina e Mundo Animado terão entradas grátis. Os demais, que ocuparão o Cine Cultura Liberty Mall, custarão R$ 16 (inteira). O Liberty Mall também abrigará vários seminários e debates com diretores e atores. A programação completa pode ser conferida no site http://biffestival.com/programacao

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