domingo, outubro 14, 2012

No aniversário de Gilberto Mendes, um presente para os interessados em música, cultura e na história santista

                                      
                 "Santos é uma cidade muito Conrad, muito Somerset Maugham"

Sem Lei Rouanet, sem patrocínio, sem inserções publicitárias, o cineasta santista Carlos Mendes decidiu usar a internet, mais especificamente o youtube, para compartilhar um de seus mais recentes trabalhos, o documentário `90 anos, 90 vezes Gilberto Mendes´, com o qual homenageia seu pai, o compositor erudito Gilberto Mendes. Um dos mais importantes autores eruditos brasileiros da segunda metade do século passado para cá, Gilberto completou, ontem (13), 90 anos de idade (leia a notícia do G1).

Como o próprio título do projeto sugere, são 90 filmetes em que Gilberto Mendes fala livremente, sem seguir um roteiro e aparentemente sem muita edição posterior, sobre o que lhe vem à mente, sobretudo sobre música (óbvio) e cinema (uma de suas maiores influências, segundo o próprio compositor reconhece). No 10º episódio, por exemplo, Gilberto explica sua recusa em se candidatar a uma cadeira na Academia Brasileira de Música, na qual só ingressou na condição de sócio-honorário, para o que não teve que pedir votos. Outro depoimento interessante está no episódio 31,quando Gilberto fala de sua (curta) militância política, o temor durante as ditaduras Vargas e militar e a hermética atuação dos músicos eruditos durante esses dois períodos. 

Somados todos os episódios, a conversa ultrapassa 12 horas de gravações. Até porque, a pouca edição que preserva a espontaneidade, acaba por tornar alguns trechos repetitivos. Ainda assim, mesmo que não vá se tornar um recordista de acessos, a iniciativa resultou em um documento valiosíssimo para os que conhecem (ou querem conhecer) a importância e o prestígio de Mendes e de sua obra no exterior. Eu mesmo, que estou aqui teclando isso e que já assisti a alguns dos episódios, não sou um `entendedor´ ou mesmo apreciador do gênero, mas não sou ignorante para não perceber a beleza do gesto de Carlos e o real significado de seu gesto. Além do mais, assim como o maestro, tive o privilégio de também ter nascido em Santos, onde pude conhecer a obra de Mendes e, apesar do estranhamento, desfrutar de uma coisa ou outra.

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